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Quando engolir se torna um desafio

Postado por Lucas 17/04/2019 0 Comentário(s)

Dificuldade de engolir prejudica tratamentos e pode gerar desnutrição, pneumonias e até levar a óbito.

Engolir pode parecer um ato simples, mas é um processo complexo que envolve quatro fases distintas: a preparatória, a oral, a faríngea e a esofágica. Para que tudo ocorra bem e que o alimento seja conduzido de forma segura da boca até o estômago, é preciso haver a integração de ações mecânicas e reflexas, de caráter neuromuscular. Quando há alguma alteração, gerando tosses e engasgos frequentes ou a sensação de que algo está preso na boca ou garganta, está caracterizada a disfa – gia, um problema que afeta seis a cada dez idosos. A disfunção também pode surgir como consequência de doenças neurológicas, como mal de Parkinson, acidente vascular encefálico ou Alzheimer e outras situações, como radioterapia de cabeça e pescoço e pacientes com AIDS.

As principais consequências são desnutrição, desidratação, complicações respiratórias e pneumonia aspirativa. Por isso, a busca por tratamento é fundamental. No caso dos pacientes que aspiram líquidos, um recurso é o uso de espessantes, que sempre deve ser orientado por um profissional. São usados três tipos de substância com essa finalidade: amido pré-gelatinizado (amido modificado), gomas naturais (goma xantana, goma guar, pupulan, goma carragena) e espessantes artificiais (carboximetilcelulose sódixa, metilcelulose, carbômeros e poloxâmeros).

Idoso

Na opinião do consultor farmacêutico e professor Luis Paludetti, de São Paulo, o amido pré- -gelatinizado é a primeira opção, pois apresenta poucas incompatibilidades, é um agente natural e possui boa capacidade espessante, embora possa perder a viscosidade se for necessário utilizar em produtos com muitos eletrólitos. De acordo com ele, as gomas naturais são interessantes também, sendo mais eficientes que o amido modificado e com capacidade de espessamento com baixa concentração. Entretanto, disso decorre sua principal desvantagem: a tendência a formar grumos. Também podem perder viscosidade em valores de pH um pouco mais ácidos. Já os espessantes artificiais, explica Paludetti, são eficientes, mas não gelificam bem a frio, necessitando aquecimento e tempo. Em geral, adotar dois agentes (um sintético e um natural ou goma) pode trazer resultados mais eficientes. Tratamento “Na senescência, o organismo perde força, estabilidade, coordenação e resistência, o que interfere na biomecânica da deglutição. Exemplo é a diminuição lenta e progressiva de cerca de 20% da massa muscular corpórea e das fibras musculares, bem como a redução de unidades motoras. Isso altera a capacidade respiratória e compromete o equilíbrio fisiológico das estruturas envolvidas no processo da deglutição”, explica Neyller Montoni, fonoaudióloga com atuação em São Paulo, especialista em Disfagia, doutora em Oncologia e vice-coordenadora do Departamento de Disfagia da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. O tratamento fonoaudiológico para a disfagia pode se dar em duas esferas. “Na primeira, temos a chamada terapia indireta, que dá ênfase na estimulação da sensibilidade, mobilidade e força das estruturas envolvidas no processo da deglutição. A segunda diz respeito à terapia direta, com a realização de exercícios, associada à reintrodução da alimentação por via oral de forma segura, utilizando como estratégia a adaptação de consistências e uso de manobras de proteção de vias aéreas quando necessário”, esclarece Neyller. A dificuldade de deglutição compromete tratamentos. Por isso, sempre que a forma farmacêutica for desconfortável, como no caso de comprimidos muito grandes ou de formato inadequado, em vez de o paciente triturar o medicamento ou abrir cápsulas, as farmácias podem manipular líquidos orais, pastilhas, comprimidos sublinguais ou géis de uso oral. A forma farmacêutica mais adequada pode ser discutida em conjunto com o fonoaudiólogo. “Para diminuir a dificuldade de deglutição é possível considerar o uso de toxina botulínica (injetada por via gastroesofágica), diltiazem por via oral, cisteamina e, em alguns casos, nitratos. Para reduzir as complicações, os anti-histamínicos H2 e os inibidores da bomba de prótons podem ser bastante úteis. Alguns desses fármacos podem ser manipulados, assim como formulações contendo nutrientes, no caso de pacientes disfágicos que apresentarem deficiências nutricionais”, orienta Paludetti.

DICA Veículos viscosos também melhoram o sabor de preparações líquidas por meio da redução do contato dos fármacos com as papilas gustativas da língua.

Sachêcaps: são cápsulas de fácil abertura, especialmente desenvolvidas para pessoas com dificuldade de deglutição.

Quadro

Fonte: Revista Anfarmag  N113 – MAI/JUN/JUL/AGO 2018